Estratégia da paridade de risco – A escolha segura de um investidor
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O processo de gestão da carteira de investimento é um tópico quente no que diz respeito à pesquisa na indústria de investimento financeiro. Existem muitos métodos e abordagens para otimizar carteiras de investimento para proporcionar retornos elevados com riscos mínimos. Uma dessas abordagens é a estratégia da paridade de risco. Neste artigo, discutiremos o que é a otimização da carteira de investimentos com paridade de risco, como desenvolver uma carteira de investimento com paridade de risco e quais são os benefícios e limitações da estratégia.
Principais considerações
- Uma estratégia de paridade de risco é uma estratégia que aponta para uma distribuição uniforme dos riscos numa carteira de investimento.
- O retorno previsto da carteira de investimento com paridade de risco ideal é, tipicamente, inferior ao retorno pretendido pelo investidor.
- Há duas abordagens principais para desenvolver uma carteira de investimento com paridade de risco — uma carteira de investimento permanente e uma carteira de investimento para todas as situações.
- A carteira de investimento com paridade de risco pode ser desenvolvida com ETFs alavancados.
O que é a paridade de risco?
A paridade de risco é um método de investimento que aponta para a distribuição uniforme da quantidade de risco numa carteira de investimento entre todos os diferentes tipos de ativos. O objetivo é certificar-se de que nenhum ativo por si só é muito arriscado, ao ponto de poder fazer com que o valor geral da carteira de investimento diminua. Caso seja devidamente monitorizada, esta estratégia pode render lucros consistentes.
Uma carteira de investimento com paridade de risco pode conter diferentes tipos de ativos, como ações e capitais próprios, matérias primas (mercadorias), obrigações ou outros ativos com retornos não relacionados. O importante é reunir ativos que atuam de forma diferente perante a mesma situação, com alguns a aumentarem de valor e outros a diminuírem.
A paridade de risco é uma técnica de carteira de investimento progressiva, frequentemente utilizada pelos fundos hedge.
Ao utilizarem estratégias de paridade de risco, os gestores de carteiras de investimento podem determinar as proporções exatas de contribuições de capital das classes de ativos numa carteira de investimento para alcançarem a diversificação ideal segundo os objetivos e preferências do investidor.
Há dois elementos essenciais necessários para a paridade de risco proporcionar melhores retornos para um nível específico de risco:
- O retorno do ativo de baixo risco (obrigações) deve ser ajustado segundo o nível de risco envolvido e deve exceder o retorno do ativo de alto risco (ações) ajustado segundo o risco envolvido. Neste caso, a carteira de investimento diversificada de ativos de baixo risco pode render um retorno superior ao investimento direto num ativo de alto risco com o mesmo nível de risco.
- O custo da alavancagem (a quantidade de dinheiro emprestada) deve ser baixo, de forma que o lucro previsto da alocação alavancada seja superior ao lucro da alocação normal.
A estratégia da paridade de risco aponta para atribuir o mesmo risco a diferentes classes de ativos. Isto resulta nas obrigações terem a maior representação dado que possuem, há décadas, menos volatilidade e melhores retornos após o ajuste do risco do que as ações.
Desenvolver uma carteira de investimento com paridade de risco
A estratégia da paridade de risco baseia-se na correlação negativa entre os preços de diferentes tipos de ativos. Quando um desce, o outro deve subir para compensá-lo. Quando isto não acontece, a estratégia é ineficaz.
Numa carteira de investimento com paridade de risco, um investidor examina o quão arriscado cada ativo é e cria uma carteira de investimento que compensa os riscos dos ativos sem considerar quanto dinheiro poderão render. O retorno previsto da carteira de investimento ideal é tipicamente inferior ao retorno requerido pelos investidores.
Para desenvolverem uma carteira de investimento com paridade de risco, habitualmente, os gestores utilizam um misto de ativos dado que a estratégia permite a alavancagem, diversificação alternativa e venda a descoberto em carteiras de investimento e fundos.
Componentes da paridade de risco
As carteiras de investimento com paridade de risco são desenvolvidas tendo como base três fatores essenciais:
- Classes de ativos – Os principais ativos de uma carteira de investimento com paridade de risco são as máterias-primas, as ações, as obrigações e outras opções como fundos imobiliários ou fundos hedge. Cada tipo de ativo tem o seu grau de risco e possível retorno. Quando todos estes investimentos são combinados, eles definem o risco total de ativos sob gestão. A seleção de cada tipo de ativo é determinada pelo quanto este acrescenta ao risco geral da carteira de investimento, não pelo seu valor de mercado.
- Fatores de risco – Os fatores de risco referem-se aos elementos que contribuem para o nível de risco dentro de uma carteira de investimento. Numa carteira de investimento com paridade de risco, as principais fontes de risco incluem perdas potenciais de investimentos em ações, flutuações nas taxas de juro, pressões inflacionárias e a possibilidade de um mutuário entrar em incumprimento ou passar por um corte na classificação do crédito.
- Diversificação – As carteiras de investimento com paridade de risco tentam reduzir o impacto dos choques económicos regionais investindo em diferentes áreas geográficas. Desta forma, eles distribuem o risco e tornam menos provável que o choque económico num país em particular impacte a carteira de investimento. A dispersão dos investimentos em diferentes indústrias também pode reduzir o risco e melhorar a variedade de ativos na carteira de investimento.
Exemplos de carteiras de investimento com paridade de risco
Dado que cada investidor tem a sua respetiva ideia sobre o risco e retorno aceitáveis, não há uma solução que se aplique a todos. Por conseguinte, a primeira coisa a fazer é determinar o seu perfil de risco. A carteira de investimento deve ser diversificada, não só por classes de ativos, mas também por geografia.
Anteriormente, a popular estratégia de investimento 60/40 era amplamente utilizada. Em termos gerais, a 60/40 é uma estratégia de investimento que implica a inclusão de ativos rentáveis e protetores na carteira de investimento no rácio especificado: 60% de ativos que fornecem a rentabilidade principal com maiores riscos (estes incluem ações, ativos do mercado de matérias-primas, divisas, opções e futuros) e 40% da parte protetora de ativos que reduzem a volatilidade, o risco geral e a desvalorização da carteira de investimento em caso de crise (estes incluem obrigações, depósitos bancários, alguns metais preciosos etc.).
No entanto, a crise de 2008 demonstrou a instabilidade desta estratégia dado que a correlação entre ações e a sua volatilidade aumentou drasticamente, com as ações a contabilizarem cerca de 90% de todo o risco nas carteiras de investimento dos investidores institucionais. É aí que a estratégia da paridade de risco pode ser útil.
Um conselheiro financeiro americano, Harry Browne, sugeriu a ideia da estratégia da paridade de risco. Ele inventou o conceito de uma carteira de investimento permanente.
A ideia basilar por detrás da carteira de investimento é que os ativos contidos nesta, por um lado, têm uma tendência de subida a longo prazo; por outro lado, eles deslocam-se quase sempre em direções opostas. Isto retarda o retorno na parte que está a subir, mas também previne as perdas na parte que está a descer.
A estrutura de alocação de ativos de carteira de investimento permanente é a seguinte:
- 25% de ações dos EUA – As ações destinam-se a fornecer um retorno sólido durante tempos de prosperidade. Nesta porção da carteira de investimento, Browne sugere fundos do índice S&P 500, por exemplo, o Índice Vanguard 500 Fund Admiral Shares.
- 25% de obrigações do tesouro dos EUA a longo prazo – É suposto estas obrigações proporcionarem lucro durante tempos de prosperidade e no caso dos preços serem mais baixos, mas saem-se mal durante outros ciclos económicos.
- 25% de obrigações do tesouro dos EUA a curto prazo – Esta porção da carteira de investimento aponta para a proteção contra períodos de aperto no mercado monetário e de recessão.
- 25% ouro – É suposto os metais preciosos protegerem os fundos durante períodos de inflação.
Outro exemplo da carteira de investimento com paridade de risco é a designada carteira de investimento para todas as situações, sugerida por Ray Dalio, o fundador da Bridgewater.
Dalio identificou quatro fatores principais que podem influenciar o valor dos ativos, os quais representam quatro “estações” macroeconómicas:
- Inflação.
- Deflação
- Crescimento económico.
- Declínio económico.
Dalio, de seguida, selecionou classes de ativos que se saíam bem em cada um destes períodos, resultando numa carteira de investimento resiliente no qual o valor total de ativos permanece inalterado durante quaisquer alterações económicas.
A alocação de ativos na carteira de investimento para todas as situações é a seguinte:
- 30% de ações dos EUA – Esta é a porção mais rentável da carteira de investimento, particularmente numa economia forte. Ao mesmo tempo, contudo, as ações são os ativos mais voláteis.
- 40% de obrigações do tesouro a longo prazo – estas são obrigações tanto de mercados desenvolvidos quanto emergentes. O primeiro representa ativos sem risco, mas pode dar zero retornos ou até negativos durante a deflação. O último pode proporcionar retornos maiores, mas pode perder valor durante uma recessão. As obrigações do tesouro, contudo, podem proteger a carteira de investimento contra a inflação.
- 15% de obrigações do tesouro a médio prazo – Estas obrigações podem fornecer um maior nível de rendimento, particularmente durante períodos de prosperidade económica, mas durante uma crise, estes podem tornar-se num ativo arriscado.
- 7,5% de matérias-primas – Esta classe de ativos torna-se muitíssimo procurada durante a prosperidade económica. Os seus valores crescem em conjunto com a inflação, por conseguinte, as matérias-primas permitem-lhe proteger o capital da depreciação.
- 7,5% de ouro – Esta é uma ferramenta defensiva clássica que deve ser incluída em qualquer carteira de investimento diversificada. Como regra, o preço do ouro sob durante uma crise, bem como com a subida da inflação.
A porção das ações da carteira de investimento deve proporcionar lucro nos mercados bull, quando os valores das ações estão a subir. O capital próprio e as obrigações não são, habitualmente, propensos à inflação, por conseguinte, conseguem sair-se bem durante a descida de preços.
A carteira de investimento para todas as situações pode ser desenvolvida utilizando ETFs alavancados para reforçar os retornos da estratégia resistente a todas as situações.
Os ETFs alavancados são essencialmente os mesmos fundos dos ETFs normais, mas utilizam a alavancagem dupla ou tripla e abrem posições de venda a descoberto para procurarem retornos que são o dobro ou o triplo do índice que acompanham. No entanto, esta abordagem é muito arriscada dado que precisa de ter em consideração que se o índice subjacente perder 1% durante uma sessão de negociação, a paridade de risco do ETF com alavancagem dupla representará uma perda de cerca de 2%.
Numa economia em crescimento, tanto as carteiras de investimento permanentes quanto as resistentes a todas as condições crescerão com as ações e matérias-primas, enquanto em períodos de perturbação financeira ou económica, o ouro e os preços das obrigações crescerão. Pode calcular os riscos da sua carteira de investimento, bem como potenciais retornos utilizando uma plataforma de análise da carteira de investimento e do investimento.
Benefícios e limitações
A abordagem da paridade de risco pode parecer uma estratégia perfeita para qualquer investidor. No entanto, como com qualquer outra estratégia ou método de investimento, a abordagem da paridade de risco tem benefícios e contratempos. Olhemos mais atentamente para alguns deles.
Benefícios
- Volatilidade reduzida – A abordagem da paridade de risco tenta diminuir a volatilidade da carteira de investimento. Isto é alcançado ao equilibrar as exposições de risco em várias classes de ativos.
- Foco nas alocações de risco – Ao focar-se na alocação de risco ao invés da alocação de fundos, a estratégia diminui a dependência numa única classe de ativos, o que resulta numa carteira de investimento mais equilibrada e robusta.
- Diversificação – As carteiras de investimento com paridade de risco consistem em ativos de diferentes tipos, o que aumenta a probabilidade de um bom retorno, mesmo quando o dessempenho do mercado de ações é baixo. Além disso, essas carteiras de investimento têm menores probabilidade de perderem valor durante uma recessão económica dado que o conjunto diversificado amortece o retorno.
- Flexibilidade – As estratégias com paridade de risco fazem com que seja mais fácil os investidores alterarem a sua distribuição de ativos e ajustem as suas carteiras de investimento segundo os movimentos do mercado.
- Adaptabilidade às alterações do mercado – as carteiras de investimento com paridade de risco podem ser adaptadas a diferentes situações de mercado e ciclos económicos, o que pode ajudar os investidores a manobrarem eficazmente em diferentes ambientes financeiros.
- Eficácia em termos de custo – As carteiras de investimento com paridade de risco requerem menos gestão do que outros tipos de carteiras de investimento e, por conseguinte, podem ganhar um retorno passivo. Além disso, a estrutura de comissões destas carteiras de investimento é baixa, o que as torna numa escolha segura par aos que não conseguem suportar comissões de gestão de investimento pesadas.
Limitações
- Complexidade – a implementação de estratégias com risco de paridade requer um conhecimento profundo de ferramentas analíticas avançadas e de algoritmos de otimização complexos, o que pode ser difícil, particularmente se for um investidor iniciante.
- Dependência de dados históricos – A estratégia depende muito dos dados históricos sobre a avaliação da exposição ao risco, o que pode prevenir a previsão precisa e acertada de riscos futuros e de comportamento do mercado.
- Alavancagem – Pode precisar de uma quantidade mais considerável de alavancagem para gerar um retorno significativo. A utilização da alavancagem pode aumentar a exposção ao risco e levar a perdas substanciais durante períodos de recessão do mercado.
Conclusão
A estratégia da paridade de risco é uma abordagem complexa que pode ajudá-lo a desenvolver uma carteira de investimento resiliente que consegue sobreviver a praticamente qualquer perturbação económica e proporcionar um retorno bom e estável. No entanto, esta estratégia tem contratempos e requer imensa experiência e conhecimento em investimento, bem como consciência financeira. A utilização correta e sensata desta abordagem pode proporcionar-lhe um lucro significativo e proporcionar um rendimento passivo, enquanto a ignorância em aspetos da paridade de risco podem levar a perdas substanciais.
Pergungas frequentes
O que é a paridade de risco hierárquica?
Este método utiliza uma abordagem hierárquica ao processo de alocação de ativos numa carteira de investimento. A paridade de risco hierárquica implica dividir a carteira de investimento em diferentes níveis ou camadas baseados em diferentes classes de ativos ou em fatores de risco da carteira de investimento.
Como funcionam os ETFs alavancados?
Os ETFs alavancados são valores mobiliários negociados na bolsa de valores que lhe permitem replicar o movimento intranegociação de outro valor mobiliário por 2 ou 3 vezes, amplificando assim tanto as potenciais perdas quanto os lucros.
Quais são as diferenças entre as carteiras de investimento de Browne e de Dalio?
A carteira de investimento permanente divide ativos de forma igual entre ações, obrigações, ouro e dinheiro, apontando à simplicidade e ao equilíbrio em várias condições económicas. Em contraste, acarteira de investimento para todas as situações utiliza uma alocação de ativos com paridade de risco mais complexa e otimizada que inclui ações, vários tipos de obrigações e, por vezes, matérias-primas, apontando para sair-se bem em todas as “estações” económicas.
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